
MINISTÉRIO DA CULTURA APRESENTA
O SONHO DE FRANCISCO
Nas encostas da Serra Gaúcha, onde habitavam os indígenas e só se ouviam os sons das cachoeiras, do vento e o canto dos pássaros, chegou, em 1875, os imigrantes italianos trazendo seus sonhos, coragem e uma fé inquebrantável.
Entre eles, nasceu a história de Francisco Bertolini, um homem de mãos calejadas e olhar firme, que fazia do ferro sua poesia. Na pequena serralheria que ergueu com suor e esperança, moldava não apenas grades, portões e ferramentas, mas também o próprio destino. Cada martelada ecoava em busca de um sonho: construir uma empresa, deixar um legado, oferecer trabalho e dignidade àqueles que, como ele, acreditavam na força do fazer.
Mas a vida, que muitas vezes é generosa, também conhece seus rigores. Francisco partiu cedo demais — apenas 42 anos de idade — e deixou para trás não só sua oficina, mas um sonho inacabado. Aos cinco filhos coube herdar não só o ofício, mas também a responsabilidade de transformar aquela pequena serralheria em algo maior.
E assim foi. Guiados pelos valores que aprenderam com o pai — trabalho árduo, fé inabalável, amor pela família e pela comunidade —, ergueram muito mais do que uma empresa. Construíram uma ponte entre passado e futuro, entre o sacrifício dos imigrantes e o desenvolvimento de uma nação.
A história de Francisco Bertolini e seus descendentes não é apenas a trajetória de um homem e sua família — ela se entrelaça, como fios de uma mesma trama, com a própria história da industrialização do Rio Grande do Sul e do Brasil. O som ritmado do martelo na bigorna ecoava não só dentro da pequena serralheria, mas também no pulsar de uma região que começava a se transformar.
Ali, nas terras férteis da Serra Gaúcha, o trabalho dos imigrantes italianos desenhava um novo mapa de possibilidades. Bento Gonçalves erguia-se como berço do polo moveleiro, enquanto Caxias do Sul se tornava referência no setor metalmecânico. Era como se o suor de cada família, a persistência de cada olhar que cruzava as manhãs frias da serra, moldasse não apenas móveis e máquinas, mas também o próprio espírito de um povo.
O sonho de Francisco, mantido vivo pelos filhos e por gerações que se seguiram, não foi só erguer uma empresa. Foi também preservar e cultivar os valores da imigração — o amor pelo trabalho, o respeito pela família, a fé, a honestidade e a coragem. Valores que precisam, mais do que nunca, encontrar abrigo no coração e na mente das novas gerações.
Pois essa não é apenas uma história antiga guardada nas prateleiras da memória. É um convite. Um chamado para que cada jovem, ao olhar para trás, reconheça que o futuro se faz das mesmas mãos que um dia desbravaram florestas, ergueram oficinas, moldaram peças e construíram, com trabalho e esperança, o alicerce de um Brasil que ainda aprende a sonhar.
Autor Luis H. Rocha

LUIS H. ROCHA é publicitário, jornalista e escritor. Sócio da Rocha/Canvas Propaganda há 28 anos, sócio da Editora Kiuai, que edita histórias em quadrinhos, revistas e livros paradidáticos sobre o meio ambiente. Foi organizador e produtor da trilogia 150 Anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul. Em 2023 lançou o livro, em três idiomas, de sua autoria sobre os 20 anos da Câmara Internacional da Indústria de Transportes – CIT, na sede da Organização das Nações Unidas – ONU, durante a 36ª Assembleia da entidade. É autor do livro Os Imigrantes, o Transporte e o Progresso, da Coleção Lavoro Italiano, lançado em setembro de 2023 no Brasil e em outubro do mesmo ano em sete províncias da Itália. Em 2024 escreveu o livro A Casa de Todos os Transportadores – Setcergs 65 anos e foi editor do livro Profissão Motorista, de João Pierotto. No mesmo ano escreveu seu primeiro romance O Beato que morreu na porta do céu. O segundo volume da Coleção Lavoro Italiano, Os Imigrantes, a Madeira e o Móvel, foi lançado durante a Movelsul, em fevereiro de 2025, em Bento Gonçalves e diversas cidades do Brasil como Recife e Curitiba. Trabalha atualmente na pesquisa e produção dos textos para o Memorial do Transporte de Cargas do Brasil, projeto da Randoncorp, e na redação do livro Os Imigrantes, o Metal e a Indústria.

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